#búzios (Brasil): insólito boutique hotel, tudo o que sonhou, e muito mais, para namorar

Há hotéis que tornam a viagem muito mais agradável. E depois há aqueles que, só por si, valem uma viagem. O que escolhi para tema deste meu segundo post a bordo da Zankyou Magazine pertence à última categoria e é, acreditem nos que vos escreveo, um wedding destination para ninguém (ou quase ninguém, que as unanimidades são sempre de evitar) botar defeito.

Guardar
Há hotéis que tornam a viagem muito mais agradável. E depois há aqueles que, só por si, valem uma viagem. O que escolhi para tema deste meu segundo post a bordo da Zankyou Magazine pertence à última categoria e é, acreditem nos que vos escreveo, um wedding destination para ninguém (ou quase ninguém, que as unanimidades são sempre de evitar) botar defeito. Sei que propor algo no Brasil quando o assunto é lua-de-mel, umas férias as dois ou até mesmo casar no estrangeiro, soa quase a lugar-comum. Mas Búzios, a poucas horas do Rio, voltou a estar na moda depois que a Globo rodou ali boa parte da telenovela “Viver a Vida” (transmitida em Portugal pela SIC), devolvendo-lhe um glamour que já vem do tempo em que Brigitte Bardot aportou por aquelas bandas, nos idos anos 1960, para viver uma paixão assolapada com o playboy brasileiro-marroquino Bob Zagury longe das câmaras indiscretas dos paparazzis.
Guardar
Búzios pode ser mágica, sobretudo fora dos períodos de maior confusão, mas o Insólito Boutique Hotel, assim se chama o eleito, sobe ainda mais a parada. Não é — e faço aqui um mea culpa por isso — uma escolha barata, mas se a ideia é falarmos de um lugar único para uma ocasião especial, então ele vale bem tudo aquilo que custa (e nem é tudo isso). Se não puderem ficar uma semana, fiquem apenas duas noites, mas não passem ao lado. Numa ponta da praia da Ferradura, com uma visão nanabesca da baía, o Insólito Boutique Hotel fica numa encosta de verde luxuriante sobranceira ao mar e vai descendo, através de deques sobrepostos, até tocar na areia.
Guardar
Inaugurado há pouco mais de três anos, o Insólito, com sua arquitetura aberta, design apurado e conceito de hotelaria feita à medida, marcou um antes e um depois em Búzios. Não mais do que uma dúzia de apartamentos temáticos, distribuídos por casas, marcaram a primeira fase do hotel e revelaram a marca pessoal que sua proprietária, a francesa Emmanuelle Meeus de Clermont-Tonnerre, fez questão de imprimir ao projeto. Dois anos atrás, ela pressentiu que o hotel precisava crescer e conseguiu comprar a casa vizinha. Primeiro tratou de criar, entre o jardim e a praia, um beach lounge de três mil m2, deixando para 2011 a obra maior: transformar a casa numa nova ala temática.
Guardar
Num nível mais baixo do terreno, mas ainda a pairar sobre o mar, a nova ala “pivoteia” em torno da piscina aquecida, o elemento central que liga, através de um deque em madeira e calçada, o restaurante, o bar, a sala e os quartos. No restaurante, bem como no bar e na cozinha anexos, os azulejos gráficos, com motivos indígenas, são uma criação de Laura Taves e uma homenagem ao renomado mosaicista brasileiro Athos Bulcão. Não sendo uma base neutra, os azulejos poderiam marcar excessivamente o ambiente, mas acabam por se harmonizar bem com a mesa de jacarandá, as poltronas “Tom Vac” de Ron Arad, as poltronas vintage de Jorge Zalszupin (adquiridas num leilão de São Paulo) ou as fotos de Almir Reis. Como pano de fundo, o bar ganhou a primeira parede vegetal, qual jardim vertical, realizada num estabelecimento comercial do Rio.
Guardar
A cozinha, franco-brasileira, está a cargo do chef uruguaio Matias Passadore e, lá está de novo, merece que se faça ali uma extravagância mesmo não estando alojado no hotel. À semelhança das outras casas, também a nova ala possui uma sala comum, aberta para o deque panorâmico. Desde logo, chama à atenção a mistura deliberada de móveis dos anos 1950, como um sofá comprado na Lapa (bairro boémio do Rio), com tecidos bordados da Lightway, almofadas Livingstones e peças assinadas por Elma Chaves, autora da mesa de banquete em madeira bruta, ou Gaetano Pesce (são dele a Poltrona UP5+Pouf UP6).
Guardar
Mais impactantes, a livraria, estante modular criada pela designer de móveis Juliana Llussa, e as obras em madeira e eucatex de Leme, artista plástico suíço, certificam o propósito de Emmanuelle em dar mais espaço à arte. Estreados no verão brasileiro passado, os novos quartos, num total de nove, ficam nos fundos, virados para a praia. Com nomes próprios, cada um deles é, tirando peças comuns como os tapetes de borracha entrançada de Cecilia Machado, um mundo à parte. O nº13, por exemplo, foi batizado de Latitude 15° e traz referências claras à arquitetura modernista de Brasília. Já o nº16 (Quincas Berro D’água) foi inspirado na prosa de Jorge Amado e o nº17 (Capanema) no paisagismo de Burle Marx, ficando o elogio à marcenaria brasileira por conta do nº18 (Jacarandá).
Guardar
Merecem ainda destaque o nº19 (Melindrosa), que usa o design gráfico de J. Carlos na cabeceira, e o nº21 (Udigrudi), mergulhado em tons de azul, que homenageia sultimente o cinema underground. No fundo, cada um deles conta um capítulo da história do modernismo brasileiro e todos juntos assinalam uma nova fase na cronologia ainda breve de um hotel que procura reinventar-se. E que é tudo de bom para quem, por muitos ou poucos dias, só quer pensar em namorar.
Guardar
Como ir: A TAP tem voos regulares para o Rio. Uma vez ali, pode optar por alugar um carro, mas dispendioso, ou recorrer às carreiras regulares que fazem a ligação até Búzios em Autopullman, como é caso da empresa Auto Viação 1001. O trajeto dura, em média, três horas. O tempo em Búzios: O período mais quente, e também mais concorrido, vai de dezembro a março; já de junho a agosto, chove menos mas as temperaturas caem para valores próximos dos 20ºC. Julho é concorrido por conta do festival de jazz e setembro por causa do festival gastronómico. Além do vento, que pode soprar forte nas partes mais altas e desabrigadas, há que ter em conta outro fenómeno: Búzios recebe influência quer das correntes marítimas do equador, quer das correntes marítimas da Antártida, por isso mesmo tanto vai encontrar, a oeste, praias de águas mornas como outras, na costa leste, de água bem fria. Passear: No centro da Armação de Búzios, onde o trânsito está mesmo proibido em certos trechos, dá para dispensar tranquilamente o carro e ir a pé a praias como a Azeda e a Azedinha. Fora isso, pode usar o serviço de vans (carrinhas) circulares ou recorrer a táxis (uma corrida nunca sai por menos de €4/€6). Mais informações úteis: Casar no Brasil Turismo de Búzios Turismo do Brasil 
Guardar
Guest blogger: João Miguel Simões Cada vez mais dividido entre Lisboa e São Paulo, o jornalista português especializou-se em viagens e lifestyle. Viajante frequente, os seus principais focos são a arquitetura, o design, a gastronomia e os roteiros de bons endereços, com colaborações regulares em revistas portuguesas, como a Volta ao Mundo, a Evasões ou a UP, e brasileiras, como a Casa Vogue e a Bamboo. Autor dos blogs @ddressbook, dedicados à boa vida em diversos pontos do mundo, ganhou prémios internacionais como o “Pluma de Plata” ou o “Pasión por la Vida”. Contactos: Facebook, Twitter e E-mail.   É especialista numa área associada à temática do casamento e gostava de escrever na Zankyou Magazine? Contacte-nos.

Dê-nos a sua opinião

Comentário submetido com sucesso
Tivemos um problema a submeter o seu comentário. Por favor tente mais tarde
Por favor, preencha este campo.
Por favor, insira um e-mail válido.
Por favor, preencha este campo.