Luminous Photography, fotografar como Caravaggio pintou

Há algo de sublime nas fotografias que a Ana Luísa Pinto assina. Algo que é ao mesmo tempo sombrio e etéreo, uma característica indelével que as torna assertivas mas delicadas, poderosas mas doces.

algo de sublime nas fotografias que a Ana Luísa Pinto assina. Algo que é ao mesmo tempo sombrio e etéreo, uma característica indelével que as torna assertivas mas delicadas, poderosas mas doces. O portfólio, já lho conhecíamos (e admirávamos) há algum tempo mas deixámos-mos assolar pela curiosidade e quisemos saber um pouco mais sobre ela, a Ana, e sobre a empresa a que dá corpo (e alma), a Luminous Photography. Por isso, rumámos a norte. E desafiámos a fotógrafa para um tête-à-tête!

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Perguntamos-lhe sobre paixão e fala-nos de fotografia. Perguntamos-lhe sobre influências e fala-nos de Caravaggio, o atemporal pintor italiano dos séculos XVI e XVII. E, de facto, revemos a estética Caravaggio - que caracterizou os trabalhos e marcou uma geração de pintores - nas imagens que a Ana faz. Sobre elas, incide «o contraste entre o claro e o escuro e um fascínio puro pelos pormenores e pelas emoções». Licenciada em Arte – Conservação e Restauro e com duas pós-graduações na área (uma em História da Arte Portuguesa e outra em Gestão das Artes) bebe muito da pintura para se dedicar à fotografia, que trabalha em duas vertentes: a fotografia conceptual (ou artística) e a fotografia de casamentos. A estas formações soma ainda o curso tecnológico de design. Um percurso ambicioso que explica a qualidade do trabalho que lhe conhecemos.

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«As artes visuais têm um papel preponderante na minha forma de ver e de criar», explica-nos. Prefere a espontaneidade das emoções quando se entrega ao registo fotográfico de um casamento. Sem espaço para as poses ensaiadas e as produções limitadoras. E mesmo assim consegue, com a sua técnica e com a estética que já lhe reconhecemos, conferir um toque de teatralidade às suas imagens. É um pouco do universo da fotografia conceptual (até de auto-retrato) que traz consigo e importa para o seu trabalho até quando aceita o desafio de fotografar um casamento. São emoções reais aquelas com que aqui lida e é isso o que mais lhe interessa transmitir.

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Explica-nos que não gosta «especialmente que a parte humana dos casamentos seja montada ou ensaiada, mas gosto de a conseguir captar de uma forma quase barroca, com detalhe». Quando fotografa, concentra-se em pequenas preciosidades e na forma como a luz nelas se reflecte». «É quase uma obsessão», confessa. E sorri! Assim nos conquista.

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Gosta também muito de fotografar e-sessions. E quando lhe perguntamos pelas trash the dress sessions, contrapõe que prefere chamá-las de love the dress sessions. Aos casamentos, encara-os com humildade: «são aquilo que me faz vibrar verdadeiramente. Sinto-me incrivelmente sortuda sempre que um casal me escolhe (e à minha equipa) para registar o seu dia». Se tem momentos que prefere? «Adoro fotografar a preparação da noiva, especialmente se for feita com tempo e com calma. Organizar os pormenores, ver o nervosismo a aparecer e partilhar um bocadinho das borboletas na barriga. Também adoro fazer os retratos do noivos — dar-lhes um bocadinho de paz no meio da animação, um bocadinho de silêncio».

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Este sentimento levou-a a lançar, este ano, um novo serviço: retratos conceptuais com casais. Um cruzamento entre as duas grandes paixões da Ana – a fotografia de casamento e a fotografia conceptual. «Está ainda em fase experimental», confidencia. Mas prevemos um home run. Nestes cenários, as fotos são pensadas, enquadradas e trabalhadas como obras de arte. É sobretudo nesta abordagem, nesta estética que bebe da história da arte e na sua formação artística que o trabalho da Ana Luísa se distancia e se valoriza. E ela não está sozinha nesta ambição de ver a fotografia de uma nova e enriquecida perspectiva. Há toda uma equipa a trabalhar com ela no dia do seu casamento: «uma pessoa com formação em arquitectura, uma estudante de belas-artes e uma videógrafa com formação numa academia Alemã».

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Essa política tem o seu ‘preço’, um que a Ana Luísa paga com prazer. É consciente a sua decisão de fotografar um número reduzido de casamentos por ano. O que se exige a si e ao trabalho da sua equipa não lhe permitiria trabalhar de outro modo. «O meu objectivo é poder dedicar-me por inteiro aos casais que me contratam, e isso não seria compatível com um grande volume de trabalho. Faço menos casamentos, mas faço-os com toda a calma e toda a mestria possíveis — cada um com a sua estética e com o seu toque especial». E, por isso, recomenda sempre uma antecedência de seis meses na sua contratação.

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O investimento compensa. Sobre o seu trabalho, as noivas com quem a Zankyou falou, tecem apenas elogios. O melhor será talvez o da Francisca Silva Ferreira que é irredutível quando nos diz que «a Luminous Photography foi o melhor investimento do meu casamento. Do seu trabalho tenho materializado a memória mais bonita da minha vida: o dia em que me casei!».

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Palavras como estas comovem. E a Ana Luísa confessa-se «um bocadinho chorona». Não evita a lágrima no canto do olho quando fotografa. Pelo contrário, ostenta-a com orgulho. E adora saber «que os noivos também choram de emoção quando veem as fotos». Fica com um sorriso na cara que dura dias! É ela quem nos diz.

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Antes de nos despedirmos, deixa-nos com uma mão cheia de bons conselhos para as noivas «Tenham em mente que aquilo que fica do dia são as memórias. Seja em fotografia, seja em vídeo, seja na forma como o dia correu. Casamentos divertidos são infinitamente mais memoráveis do que casamentos formais. E são mais giros de fotografar!». Deixa-nos com isso e com muito boas memórias do nosso tempo partilhado. Porque o mundo da Ana é «suave, doce, mágico». E as fotografias que assina são-no também.

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lp

Reservas: luminousphotographer@gmail.com

Site: www.luminous-photography.net

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