Falar de amor é falar de beleza. Daquela que fica gravada não pelo espetáculo, mas pela verdade que transmite. São momentos que nascem da conexão, da intimidade, do desejo profundo de mostrar-se tal como se é, com luz própria.
Acompanho casais no dia mais emocionante das suas vidas há mais de uma década, e se há algo que aprendi é que o amor não entende de géneros... e a beleza também não deveria. Lembro-me do Eduardo e Eduardo, que celebraram o seu casamento no Castelo de Guardamur… mas, na verdade, poderia falar de tantos outros casais. Porque quando o amor se torna visível, tudo o resto ganha sentido.

Trabalhei com muitos casais, cada um com a sua essência. Mas há algo de especial nos casamentos entre dois homens. Não pela diferença. Nem pelo impacto visual. Mas porque, muitas vezes, tiveram de abrir caminho entre expectativas alheias, normas herdadas ou silêncios forçados. E quando finalmente se olham, frente a frente, vestidos como escolheram, penteados como queriam, cuidados até ao último detalhe… aí tudo faz sentido.

Durante muitos anos, o mundo dos casamentos girava em torno da noiva. No vestido, nos acessórios, no ritual de se arranjar. Mas isso já mudou. Agora há noivos que também querem viver esse momento como algo seu. Que percebem que a sua imagem faz parte da sua história. Que cuidar da pele, da expressão, da presença... não é vaidade, é coerência emocional.
E para mim, acompanhar esse processo é sempre emocionante.

Maquilhagem masculina: menos camadas, mais intenção
Costumam dizer-me: “Quero parecer bem, mas sem que se note que estou maquilhado”. E é aí que começa o verdadeiro trabalho.
A maquilhagem masculina não pretende esconder, mas sim realçar. Trata-se de preparar a pele com cuidado, devolver-lhe vitalidade e transmitir serenidade, frescura, energia. Por isso, a preparação prévia é essencial. Nos dias antes do casamento, recomendo uma máscara reparadora rica em colagénio ou uma máscara calmante se houver sensibilidade. Ambas ajudam a que a pele apareça flexível, oxigenada e luminosa. Na manhã do grande dia, uns patches de olhos —preferencialmente com ativos antioxidantes como chá verde ou rooibos— ajudam a reduzir papos, suavizar e refrescar o olhar.

Depois, em frente ao espelho, tudo se resume a pequenos gestos. Uma base ultraleve que uniformize sem cobrir, corretor subtil nos pontos certos, pó translúcido apenas onde for necessário e, se o rosto pedir, um toque de fixador nas sobrancelhas. Nada mais. Ou talvez sim, se desejarem. Alguns noivos arriscam com um ponto de luz no canto interno do olho ou no arco da sobrancelha, com subtilidade e sem exageros.

O resultado não deve parecer “trabalhado”, mas sim confortável e harmonioso. Que quando se olhem ao espelho vejam uma versão descansada, nítida e autêntica de si próprios. Sem brilhos, sem manchas, sem sinais de cansaço… mas com verdade.

Cabelo, barba, expressão: tudo comunica
Falar do look de um noivo é muito mais do que falar do fato. O penteado, o estilo facial e o acabamento geral comunicam tanto quanto o conjunto. E, num casamento entre dois homens, esse equilíbrio entre sintonia e individualidade torna-se ainda mais especial… e mais bonito de construir.

Há quem prefira um look limpo, com risco bem definido e cabelo no sítio. Outros optam por ondas naturais, volume controlado, texturas soltas. Alguns mantêm a barba com intenção — bem delineada, hidratada, cuidada como uma extensão do penteado. Em todos os casos, o essencial é compreender o que cada um quer transmitir. Não impor estilos. Ouvir, ler entre linhas e criar a partir daí.

Um dos maiores desafios é acompanhar duas pessoas ao mesmo tempo sem que pareçam cópias um do outro. Não se trata de simetria, mas de sintonia. Um pode escolher um estilo sóbrio, minimalista. O outro, algo mais editorial ou ousado. E tudo pode coexistir, desde que se trabalhe a partir da essência.
Não há fórmulas. Há escuta, adaptação e sensibilidade. E, sobretudo, a capacidade de fazer com que cada um se veja refletido, sem perder a sua identidade.
O amor não tem género. A beleza, também não.
Costumo dizer que maquilhar ou pentear não é criar personagens, é revelar verdades. Por isso, quando trabalho com casais do mesmo sexo —especialmente com dois noivos— tento que aquele momento de preparação seja quase um ritual de confiança. Um espaço tranquilo onde possam respirar, olhar-se ao espelho e reconhecer-se.
Nesse instante íntimo, enquanto um ajusta os botões de punho e o outro alinha o cabelo com calma, não há regras. Há emoção. Por vezes nervos, outras vezes gargalhadas. Mas sempre, sempre, a sensação de que estão a viver algo importante. Algo que vai além da estética. Que tem a ver com o modo como nos vemos… e como queremos ser vistos.

Se estás a organizar o teu casamento e desejas que o reflexo no espelho, nesse dia, seja exatamente como o sonhaste, terei todo o gosto em acompanhar-te. Porque sim, tu já brilhas.
Eu só estou aqui para ajudar o mundo a ver isso também.
Podes ver mais do meu trabalho em www.mariaavalos.es ou no meu Instagram @mariaavalos._
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