#Corumbau (Brasil): a bahia que poucos conhecem

Tem tudo, mas mesmo tudo o que se quer de um wedding destination ou, tão só, de uma escapada para namorar a dois.

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A viagem até ao extremo sul do litoral baiano, conhecido por Costa das Baleias, continua a exigir muitas horas de viagem, nem sempre nas melhores condições, e disposição para gastar mais do que em muitos outros destinos brasileiros com praia e mar. Mas, se acreditarmos que tudo o que vale realmente a pena nesta vida tem um preço, então o de Corumbau, juro, nem é tão alto assim. E, tem tudo, mas mesmo tudo o que se quer de um wedding destination ou, tão só, de uma escapada para namorar a dois.
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Pergunto: o que esperar de um lugar cujo nome, de origem tupi, significa “o fim do mundo e o começo da terra” ou "longe de tudo"? No mínimo, algo que faça justiça a tamanha poesia, não? Sempre mais; e nunca menos. Sem helicóptero nem barco que me valesse — mas há passeios, de um dia, de barco a partir de Cumuruxatiba ou Caraíva em torno dos 25 a 30 euros, segundo apurei—, tive mesmo de enfrentar duas horas de viagem entre Prado e Corumbau. A primeira parte da jornada, pela BR-101 que liga Itamaraju a Prado, é tranquila, mas depois, a partir do vilarejo de Guarani, a solução é mesmo encarar com espírito positivo os mais de 50 quilómetros que se seguem em estrada de terra. E rezar para que não tenha chovido na véspera e para que o carro não quebre. Porque se quebrar, como me aconteceu — por oito vezes, sim, oito vezes —, o remédio é apelar para a filosofia baiana e, como tão bem resumiu uma companheira de viagem, concluir que “na Bahia, mesmo quando tudo parece que vai dar errado, dá certo”. E deu. Ó, se deu.
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São 15 quilómetros de praias de areia fofa, mas boa de andar, amarelinha como uma farofa deliciosa. Algumas, em especial as que se servem os hotéis mais exclusivos como a Pousada Fazenda São Francisco (do ex-deputado federal Ulysses Guimarães), são, na prática, praticamente privadas. Mas relaxem os que não gostam de feudos: areia e mar manso não faltam e ninguém fica sem o seu quinhão de(ste) paraíso.
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E por falar em paraíso — uma palavra que, pela força da banalização, uso com muita moderação —, o Vila Naiá, é outro dos que faz as delicías dos noivos. Talvez se possa considerar um ecoresort, já que o projeto se dilui por inteiro na paisagem, existindo mesmo uma porção de reserva de mata atlântica que se encontra nos seus domínios.
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O resort foi construído sem pressas, ao longo de dez anos. Para que nada ficasse ao acaso. Para que tudo fosse perfeito. E uma surpresa constante. Como a decoração, que consegue conciliar harmoniosamente peças de design internacional com os trabalhos de artesãos locais.
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Veja-se os bungalows, por exemplo. Por fora parecem (propositadamente) casas de pescadores, mas por dentro têm sofás Butterfly ou bancos Marcel Breuer. Um luxo. Agora, claro, as pousadas mais rústicas — mais ainda assim bem charmosinhas como a Vivenda Xawã (diárias desde R$140 por casal na baixa temporada), com projeto arquitetónico da sua proprietária e onde me lambuzei com uma mousse di-vi-na de capim santo com limão — não dão de frente para a praia.
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Mesmo sem o verde cristalino, característico do verão, o mar de Corumbau deixou-me hipnotizado. Talvez porque forme uma dupla imbatível com aquele extenso areal, a perder de vista (e, tantas vezes, sem vivalma à vista), bordejado ora por falésias, ora por coqueirais. O segredo, que não é mais, está nos dez quilómetros de recifes de coral que adentram ao mar e criam uma enseada serena. Nas barracas de praia, simples mas muito charmosas, uma cerveja custa cerca de dois euros. Já um passeio de caiaque não sai por menos de 25 e um passeio de barco  para fazer mergulho com snorkel nos corais do Carapeba — nos dias de sorte, dá para nadar com tartarugas-marinhas e para ver, em terra, a silhueta bem desenhada do fabuloso Monte Pascoal — fica por cem euros (até cinco pessoas). Isto com os operadores locais; nas pousadas, com meios mais sofisticados, o custo é ainda mais inflacionado.
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Corumbau é isolado. Não há rede de telemóvel. Está longe da civilização. Mas não do luxo. Mas não é isenta de prazeres simples. No vilarejo, em Ponta de Corumbau — assim chamada porque, na maré baixa, dá para ver uma longa ponta de areia que se estende desde a foz do rio Corumbau até ao mar, culminando num confronto de águas que formam piscinas naturais —, a vida prossegue sem grandes sobressaltos e as pessoas continuam vivendo praticamente do mesmo jeito. As que ficaram, bem entendido, pois muitas delas, com ligações aos índios Pataxós, venderam seus casebres e mudaram-se para o outro lado do rio, em Barra Velha, onde fica a Reserva. Mais informações úteis: - Como ir: a TAP tem voos regulares para Salvador. Uma vez ali, o mais certo, à falta de um helicóptero, é ter de apanhar um novo voo até Porto Seguro e fazer o resto do trajeto de carro ou carrinha. - Casar no Brasil - Turismo da Bahia 
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Guest blogger: João Miguel Simões Cada vez mais dividido entre Lisboa e São Paulo, o jornalista português especializou-se em viagens e lifestyle. Viajante frequente, os seus principais focos são a arquitetura, o design, a gastronomia e os roteiros de bons endereços, com colaborações regulares em revistas portuguesas, como a Volta ao Mundo, a Evasões ou a UP, e brasileiras, como a Casa Vogue e a Bamboo. Autor dos blogs @ddressbook, dedicados à boa vida em diversos pontos do mundo, ganhou prémios internacionais como o “Pluma de Plata” ou o “Pasión por la Vida”. Contactos: Facebook, Twitter e E-mail.   É especialista numa área associada à temática do casamento e gostava de escrever na Zankyou Magazine? Contacte-nos.

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