Casar em tempos de Coronavírus: os esclarecimentos da DGS e o impacto da pandemia no sector

Saiba quais as recomendações dadas pela DGS sobre a celebração dos casamentos e uma visão geral de como a Covid-19 tem vindo a afetar o sector nupcial, quer por parte dos noivos, como fornecedores.

Começámos a ouvir falar dele no final de 2019 e hoje, infelizmente, o novo coronavírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, condiciona-nos o nosso dia-a-dia, obrigando-nos a andar de máscaras, a mantermos a uma distância física que não nos permite abraçar e a andarmos com gel desinfetante dentro da mala. Este novo agente que nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos e que foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019, na China, na Cidade de Wuhan, virou-nos a vida de pernas para o ar, confinou-nos em casa, remeteu-nos ao teletrabalho (quando possível), obrigou as nossas crianças a estudarem à distância, fechou estabelecimentos comerciais e esvaziou as ruas, que ficaram despojadas de gente e de vida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) começou por hesitar em utilizar a palavra “pandemia” para se pronunciar sobre o surto, mas a partir do dia 11 de março não teve como negar: estávamos perante uma pandemia.

Resposta da DGS à Zankyou

O que nos dizem os artigos citados pela DGS Sector unido Inquérito Zankyou: a reação dos noivos e fornecedores à pandemia Casar em pleno confinamento? Os noivos também se reinventam!

Coronavírus e o casamento

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Foto: Rui Teixeira Wedding Photography A Zankyou contactou novamente a DGS para esclarecimento sobre a realização de casamentos e outros eventos de natureza familiar, incluindo também os batizados, pelo que passamos a transmitir na íntegra o que nos foi respondido. Antes, e resumidamente, pelo que podemos entender do que nos foi transmitido, sendo a recomendação o adiamento - (e citando) "julgamos adequado levantar a questão de que os casamentos, batizados, comunhões e similares, ao contrário dos funerais, são celebrações familiares adiáveis e que a decisão de manter a sua realização no contexto atual, implicará uma celebração que em pouco se poderá assemelhar ao que se vivenciava na época pré-pandémica"os casamentos estão permitidos, sendo que (e citando) "é fundamental que tanto as entidades promotoras como as pessoas que pretendem realizar eventos na atual fase ativa da pandemia, ainda que de acordo com a legislação em vigor, façam uma avaliação ponderada do risco a que se estão a submeter, assim como aos seus familiares, demais convidados e outros participantes".  Por seu turno não existe uma limitação de convidados, mas sim uma limitação de ocupação de 50% a partir de 3 de maio de 2021, como se pode ver no comunicado de 12 de março da DGS. Finalmente, e sem prejuízo da adoção de medidas específicas para cada setor, reforça-se que os princípios definidos pelas recomendações gerais deverão ser permanentemente garantidos, nomeadamente: distanciamento físico (mínimo 2 metros entre pessoas, em todos os momentos); uso de máscara por todas as pessoas; cumprimento de medidas de etiqueta respiratória e evicção de contatos na presença de sintomatologia sugestiva de COVID-19; desinfeção e lavagem das mãos; higienização de superfícies.

Resposta da DGS à Zankyou

Revelamos na íntegra o que nos informou a DGS, reforçando a comunicação com imagens dos documentos referenciados, para melhor elucidação dos nossos leitores. 1. De acordo com o ponto 2, alínea b do Artigo 15.º da Resolução do Conselho de Ministros n.º 51-A/2020 de 26/06/2020 (disponível em: https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/136788888/details/maximized)cabe à DGS definir as orientações específicas para os eventos de natureza familiar, incluindo casamentos e batizados, quer quanto às cerimónias civis ou religiosas, quer quanto aos demais eventos comemorativos.
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DGS - regras Covid-19 2. Para os devidos efeitos, sugere-se a consulta do Guia de Recomendações por Tema e Setor de Atividade de 09/06/2020 (disponível em https://covid19.min-saude.pt/wp-content/uploads/2020/06/Tab-equivale%CC%82ncia-novo-formato-V5.11.pdf) – Outros setor de atividade: Eventos de natureza familiar (casamentos, batizados), sem prejuízo do disposto na referida Resolução do Conselho de Ministros.
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DGS - regras Covid-19 3. Sem prejuízo do anterior, pretende-se salientar que as reuniões e celebrações de pessoas com laços familiares ou de amizade, nomeadamente a celebração de casamentos, batizados, comunhões e similares, acarretam riscos que são mais que a soma de todas as partes. 4. Importa reiterar que eventos de qualquer índole, em contexto de pandemia podem acarretar riscos acrescidos para a saúde pública, seja pelo inevitável ajuntamento de colaboradores durante a preparação e realização do evento, interação entre os participantes ou em relação às atividades concretas de cada evento. Especificamente, no caso das celebrações familiares, a componente emocional subjacente ao motivo que promove a realização do evento, é uma inegável realidade que acarreta comportamentos de proximidade, sendo a partilha tendencialmente inevitável, assim como a participação de membros de várias gerações, o que implicará a exposição de pessoas que, nem que seja apenas pela idade, pertencem a grupos mais vulneráveis a desenvolver doença grave no contexto de infeção por SARS-CoV-2. 5. Julgamos adequado levantar a questão de que os casamentos, batizados, comunhões e similares, ao contrário dos funerais, são celebrações familiares adiáveis e que a decisão de manter a sua realização no contexto atual, implicará uma celebração que em pouco se poderá assemelhar ao que se vivenciava na época pré-pandémica. 6. Posto isto, e assumindo que poderá haver pessoas que ainda assim optarão por não adiar as suas celebrações, é fundamental que tanto as entidades promotoras como as pessoas que pretendem realizar eventos na atual fase ativa da pandemia, ainda que de acordo com a legislação em vigor, façam uma avaliação ponderada do risco a que se estão a submeter, assim como aos seus familiares, demais convidados e outros participantes, visto que é inegável que aglomerados de pessoas acarretam riscos acrescidos quer para o indivíduo, quer para a Saúde Pública. 7. Importa ainda ter em consideração que, desde o alerta internacional sobre a COVID-19, a DGS tem vindo a emitir recomendações baseadas na melhor evidência científica à data da publicação das mesmas e de acordo com a evolução da situação epidemiológica, em consonância com as recomendações internacionais (OMS, ECDC, CDC e outros) independentemente do contexto, visando a minimização do risco de transmissão de SARS-CoV-2. Sem prejuízo da adoção de medidas específicas para cada setor, reforça-se que os princípios definidos pelas recomendações gerais deverão ser permanentemente garantidos, nomeadamente:
    • Distanciamento físico (mínimo de 2 metros entre pessoas, em todos os momentos);
    • Uso de máscara por todas as pessoas, sempre que se verifiquem aglomerados de qualquer dimensão (colocada adequadamente e em permanência);
    • Cumprimento de medidas de etiqueta respiratória e evicção de contatos na presença de sintomatologia sugestiva de COVID-19;
    • Desinfeção e lavagem das mãos (com água e sabão ou com solução antisséptica de base alcoólica - SABA);
    • Higienização de superfícies (O SARS-CoV-2 pode sobreviver nas superfícies e objetos durante tempos variáveis, que vão de horas a dias. É essencial serem garantidas medidas de higiene das superfícies de uso comum e toque frequente, de forma a diminuir a transmissão do vírus);
    • Estrita evicção dos aglomerados de pessoas (de acordo com a legislação em vigor).
Para mais informações consulte o site da Direção-Geral da Saúde através de: https://www.dgs.pt/corona-virus.aspx.
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Foto: Bruno Garcez

O que nos dizem os artigos citados pela DGS

No artigo 15º citado pela DGS, a alínea 3, lê-se: "Na ausência de orientação da DGS, os organizadores de eventos devem observar, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 9º a 11º, bem como no artigo 17º quanto aos espaços de restauração nestes envolvidos, e os participantes usar máscara ou viseira nos espaços fechados".  E o que nos dizem os artigos de 9º a 11º?

1. Relativamente às regras de ocupação, permanência e distanciamento físico (Artigo 9º)

  • A afetação dos espaços acessíveis ao público deve observar regra de ocupação máxima indicativa de 0,05 pessoas por metro quadrado de área (que não não inclui os funcionários e prestadores de serviços que se encontrem a exercer funções nos espaços em causa)
  • A adoção de medidas que assegurem uma distância mínima de dois metros entre as pessoas, salvo disposição especial ou orientação da DGS em sentido distinto;
  • A garantia de que as pessoas permanecem dentro do espaço apenas pelo tempo estritamente necessário;
  • A definição, sempre que possível, de circuitos específicos de entrada e saída nos estabelecimentos e instalações, utilizando portas separadas
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DGS - regras Covid-19  

2. Relativamente às regras de higiene (Artigo 10)

  • Os operadores económicos devem promover a limpeza e desinfeção diárias e periódicas dos espaços, equipamentos, objetos e superfícies, com os quais haja um contacto intenso;
  • Os operadores económicos devem promover a limpeza e desinfeção, após cada utilização ou interação, dos terminais de pagamento automático (TPA), equipamentos, objetos, superfícies, produtos e utensílios de contacto direto com os clientes.
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DGS - regras Covid-19  

3. Relativamente às soluções desinfetantes cutâneas (Artigo 11º)

Os estabelecimentos de comércio a retalho ou de prestação de serviços devem procurar assegurar a disponibilização de soluções desinfetantes cutâneas, para os trabalhadores e clientes, junto de todas as entradas e saídas dos estabelecimentos, assim como no seu interior, em localizações adequadas para desinfeção de acordo com a organização de cada espaço.
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Eis, entretanto, o que diz o Artigo 17º:
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DGS - regras Covid-19

Casar em pleno confinamento? Os noivos também se reinventam!

Não sendo possível a realização da celebração, já vimos que a tendência generalizada é adiar a data do casamento. Porque, na verdade, o amor não se cancela! É claro que, no entanto, e ao nível emocional, o impacto nos noivos foi avassalador. Tanto trabalho e dedicação a pormenores, tantos planos e sonhos idealizados e, de repente, é preciso adiar o tão ansiado dia feliz! Mas a verdade é que a felicidade também se pode reinventar. E foi o que muitos noivos fizeram pelo mundo inteiro, encontrando alternativas para realizarem uma cerimónia, apesar das evidentes condicionantes, mantendo a promessa de uma grande festa, assim que for possível realizá-la. Porque o que não conseguimos celebrar hoje, festejaremos amanhã, com mais alegria e ainda maior intensidade, pois haverá muitos mais motivos para celebrar! Na Zankyou demos a volta ao mundo para encontrarmos inúmeras histórias inspiradoras de casais que optaram por celebrar o casamento apenas no registo civil ou na igreja (com as devidas condicionantes e em países onde lhes foi permitido) ou simplesmente em casa, apenas a dois ou utilizando os meios digitais para poderem partilhar o momento com as suas pessoas mais próximas. Leia tudo aqui: Casamento adiado: as alternativas encontradas por casais do mundo inteiro para dizerem o "Sim"!
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Foto: Bruno Garcez Veja também a história por detrás da foto acima: Casar em Portugal em tempos de COVID-19: a bonita história de um amor não adiado so também do Corinthia Hotel, tal como nos contou Cristina Marinho: "Estávamos com imenso trabalho, e de 90% passamos a 10% e depois tivemos que fechar". Assim como tantas outras empresas do sector, que de acordo com um estudo da Exponoivos, reduziram a sua faturação (86%), entraram em layoff (65% ) e procederam a redução salarial (35%). "Tivemos de estar em casa a readaptar, não baixando os braços. E continuar a comunicar a marca", disse Cristina.
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Corinthia Hotel Lisbon

Comunicar: a palavra de ordem

De facto, uma das principais elações retiradas desta reunião foi a necessidade de comunicação. O consenso foi geral: nunca foi tão importante estar em contacto não só com o cliente final, mas também com os outros colegas do sector, que precisa de estar -  e está! - mais unido do que nunca, para poder dar resposta às necessidades dos seus noivos. Como nos disse António Paraíso, "é preciso comunicar a marca, para não se esquecerem dela. É fundamental. É a essência do negócio. É o que nos distingue do cliente do lado. A marca é pessoal e vivemos do que sabemos fazer. Não vendemos produto, mas sim serviço, que depende do prestador. A marca comunica a nossa diferenciação. E as marcas criam um vínculo emocional com os públicos". Também Maria Leão Torres enfatiza que "os noivos precisam neste momento de manter a magia e que o casamento não fique marcado pela crise", salientando que este "é o momento para as marcas se relacionarem com os clientes e revelarem a sua própria história, como é que se construíram, qual o seu valor acrescentado. E fazer uma comunicação emotiva, próxima, com bons conteúdos, sinceros, que revelem a sua essência, evidenciando o sentimento de orgulho pelo seu trabalho, para que sejam os noivos também eles os embaixadores das suas marcas". Cristina Marinho salientou também que, durante a pandemia provocada pela Covid-19 continuou a contactar os clientes que tinham pedidos, demonstrando-se flexíveis sem penalizações. "Pegar no telefone para saber os clientes como estão; preocuparmo-nos com os colaboradores, fornecedores e parceiros", contou, salientando que nestas alturas é preciso ser solidário, "participar em webinars, ver o que mercado anda a fazer e mantermos disponíveis e reorganizarmos". 
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Créditos: Leão Creative | Foto: Tree Wishes

O online: mais perto de todos

O canal mais utilizado e adequado para esta comunicação de proximidade é, naturalmente e cada vez mais, o online. "E o que nos dizem os dados é que se está cada vez mais na Internet", explicou Lúcio Gomes, Diretor comercial da Zankyou. Com efeito, durante estes tempos de confinamento imposto pela Covid-19, naturalmente que o movimento da Internet duplicou a nível de redes sociais e - mais importante ainda - houve uma alteração do paradigma tecnológico que levou as empresas em todos os sectores - incluindo eventos e casamentos - a apostar muito mais no online. Por seu turno, houve necessidade das empresas se adaptarem, trabalhando à distância, e ao fazê-lo deram-se conta das vantagens que esta forma de trabalho traz ao seu próprio negócio. Rui Teixeira, por exemplo, pondera trabalhar no futuro de uma forma diferente. "No meu estúdio eu tenho um espaço dedicado aos noivos, uma sala muito bonita, de cinema, e até agora eu pensava que este espaço era parte fundamental na decisão do casal, pela experiência que proporciona, mas a verdade é que fechado em casa, felizmente, tive reuniões praticamente todos os dias e, sinceramente, a taxa de sucesso de marcação continua a mesma", partilha, continuando: "As pessoas habituam-se facilmente ao online e estou a pensar seriamente em fazer muito mais reuniões online, porque é mais cómodo para mim e mais cómodo para o casal", conclui. Já Helder Couto diz que é "mais da velha guarda", e que gosta muito do contacto, tanto que está a investir num novo estúdio, que considera ser uma mais-valia. Juntar o melhor dos dois mundos, parece-nos a nós bem. Porque, como disse Lúcio, "houve um salto tecnológico, demos um passo em frente e creio que já não se vai voltar atrás". E a pensar na necessidade tecnológica de avançarmos e pensarmos no futuro, a Zankyou tem aproveitado para desenvolver a sua plataforma, nomeadamente a sua aplicação móvel, "porque a maioria dos noivos interage através do telemóvel", dando um salto qualitativo para ser "muito mais divertida, intuitiva, encaminhando os noivos aos fornecedores adequados para dar um lead de qualidade". Até porque os hábitos, na realidade, já estavam a mudar. "O algoritmo do Google media parâmetros muito quantitativos, agora mede a parte qualitativa", realçou Lúcio, continuando: "já é muito personalizado, tem em conta os gostos reais dos consumidores, a interação final do consumidor, e por isso na Zankyou reunimos um conjunto de profissionais especialistas em SEO, SEM e redes sociais que trabalham todos os dias para gerar o melhor contacto e experiência possíveis entre noivos e fornecedores".
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Foto: Helder Couto

O que dizer aos noivos?

Se é preciso comunicar, também é preciso saber o que comunicar e como comunicar. Entre os participantes, a opinião é consensual: aos noivos é preciso passar uma mensagem de segurança e tranquilidade, mas com honestidade. "Porque estamos todos no mesmo barco", como disse - e bem - Maria Luís Teixeira. "Mais do que positivos, temos de ser seguros e confiantes e transmitirmos essa segurança e confiança para os clientes. Porque nada é seguro e nada é confiável nesta altura. E é isso que devemos dizer: tudo é imprevisível, mas não se preocupem porque nós estamos aqui para resolver tudo o que for preciso", partilhou. E o que foi mais preciso fazer nestes últimos meses? Alterar datas. Adiar o sonho. Mas sem precipitações. "Nós mantemos a data e temos um plano B", diz Maria Luís Teixeira em relação ao que tem estado a fazer, explicando que, assim, se os noivos quiserem adiar já têm tudo preparado com os fornecedores, "que têm sido incansáveis". "Não estamos a adiar antes do tempo, estamos apenas a salvaguardar no caso de termos de fazer isso.", explicou, detalhando: "Nós temos de transmitir a nossa sabedoria, o nosso know how, com segurança e tranquilidade, para que os noivos saibam que nós não controlamos a Covid-19, que isto é uma situação prejudicial para todos, e que não estamos a iludi-los, a dizer-lhes que vai ser possível. Estamos a garantir que, se não for possível, nós temos a solução. E é esse o nosso trabalho e é esse que acho que todos nós enquanto organizadores de eventos devemos manter", rematou. Lúcio Gomes acrescenta que, de facto, é preciso "comunicação tranquila e honesta, porque já há muito ruído no ambiente" e dar uma visão a meio prazo, "porque todos estamos conscientes que estamos num sector que vai existir sempre, o de eventos e casamentos, porque é algo que está inerente ao ser humano: a festa, celebração".  Também Cristina Marinho comenta: "Devemos traçar o nosso caminho e linha de comunicação, passando a imagem que o sector está unido. Nutrimos dos conhecimentos necessários para traçar esse caminho, executá-los, escolher os canais certos, para comunicarmos com os públicos certos.". Entretanto, Paula Grade trouxe a debate outra questão: e os estrangeiros que vem casar a Portugal? Sabemos que o Algarve é um dos destinos de eleição e para esta Wedding Planner a opção passa por adiar, sem plano B. "Antes prefiro não fazer um casamento do que o casal que vem casar não ter a experiência que está à espera de ter. E não sabendo o que se vai passar, é muito complicado estarmos a dizer às pessoas 'sim, vai correr bem', 'sim venham casar.' Por seu turno, Rui Mota Pinto alerta para um ponto fundamental: "Cada um tem o seu próprio nicho de mercado e esse nicho tem uma maneira de ser própria. Eu tenho uma imagem. Eu não posso, por causa disto, alterar totalmente a minha imagem, porque o meu nicho continua a ser o meu nicho. E eu acho que era também importante aprendermos a comunicar nesse sentido, ou seja, readaptarmo-nos, mas não perdermos aquilo que é a nossa identidade de trabalho."  Cristina Marinho também concordou: "Não devemos deixar de ser quem somos e perder a nossa identidade, devemos continuar a trabalhar na linha que sempre fizemos, para podermos estar em grande e no topo na cabeça dos nossos clientes".  Segundo António Paraíso, é preciso a diferenciação e valor."O dinheiro que nos pagam é que nos reconhece o valor. O preço é troca de valor. Eu tenho que pensar qual é o meu valor e que novo valor eu tenho de lhes dar. E isso exige, surpreender, encantar e deliciar. Não é fácil, mas é possível".
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Créditos: Mary Me Eventos | Foto: Meraki Studio

Oferecer flexibilidade & trabalhar em conjunto

E se há algo que é preciso oferecer aos noivos é flexibilidade na remarcação de novas datas. E todos os fornecedores concordam que devem trabalhar, em conjunto, para o facilitar. "Nós temos aqui uma oportunidade única de criarmos um trabalho em comunidade. De, finalmente, aproveitarmo isto tudo para nos juntarmos, para trabalharmos em conjunto, e de termos uma noção de que não podemos só pensar em nós", afirmou Rui Mota Pinto, destacando a importância de transmitir aos casais que nem todos os fornecedores têm a mesma estrutura e que é possível que alguns tenham, por exemplo, de cobrar um extra e outros não. "Nós temos de saber defender os nossos colegas de trabalho", diz, acrescentando que, antes de falar com os noivos é preciso fazer "um trabalho de casa", isto é, falar previamente com os parceiros e ver quais são as suas políticas. "Este é um tempo para mudarmos o paradigma da nossa indústria. Percebermos o verdadeiro sentido de comunidade, de trabalho em conjunto. Percebermos que o sucesso do nosso “concorrente” corresponde ao crescimento do nosso mercado, do nosso mercado como destino, da nossa “fama” como indústria. Este é um momento de nos repensarmos, de apostarmos em novos modelos de negócio, mas também de passarmos a contribuir de forma mais ativa para o mercado no seu todo! Uma indústria forte só existe com a força dos seus players enquanto grupo e não isoladamente" E todos estão certos que este é o caminho. "Nós temos que trabalhar juntos, temos de estar juntos, temos de ser globais", diz Paula Grade. Também Helder Couto diz "é importante que haja uma união entre nós para ser mais fácil remarcar as datas, sermos flexíveis"Rui Teixeira salienta que "não podemos ser egoístas e pensar apenas em nós", sugerindo uma forma de conseguir facilmente uma nova data para os noivos, mantendo os profissionais já contratados: "A recomendação que eu faço aos noivos é que façam um email que inclua todos os fornecedores e onde cada um deles possa dizer as datas em que está ocupado, ao contrário da pergunta que fazem a maior parte dos noivos. Assim, se todos nós pusermos as datas em que estamos ocupados é mais fácil encontrar uma data. Isso tem resultado em pleno com todos os casais".
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Créditos: Rui Mota Pinto | Foto: Pedro Bento

Reinventar-se em tempos de Covid-19

Como nos disse António Paraíso, há duas coisas a fazer quando surge, repentinamente, uma situação como esta que paralisou todo o sector: pensar no imediato, no que posso fazer com o que tenho. E isso passa por estudar, ler, ver como é que nos vamos reinventar e planear o futuro. Porque, "quando eu vou voltar ao mercado, quero surpreender. E eu vou ter de voltar como uma novidade. Os clientes, os parceiros, vão ter de ficar de queixo caído. É preciso que o público fique deliciado. Porque o negócio da prestação de serviços é como o teatro e nele devemos inspirar-nos", disse-nos, explicando a analogia: "Os clientes são o público, que sai de casa, que compra o bilhete e vai ver a peça, pelo que merece um bom espetáculo. E os prestadores de serviços têm de fazer tudo para dar um bom espetáculo. Só pode estar no palco quem tem talento e formação", explica, salientando que, no teatro, os bastidores são importantes para que tudo corra bem, pelo que é importante também cuidar dos bastidores. Foi o que fez Gio Rodrigues, reinventou-se. "Mas sem deixar de fazer o que fazemos e fazemos bem", acrescenta. Com efeito, com a Covid-19 - para além de ter reunido recursos para uma vertente solidária, utilizando o seu conhecimento e o seu nome para fazer e doar material de proteção para médicos - o estilista português acrescentou mais um talento à sua longa carreira: fazer máscaras de proteção. A partir de uma necessidade pessoal, quando percebeu que não conseguia andar com as máscaras cirúrgicas, teve a ideia de proteger-se a si e aos outros, de forma saudável e esteticamente agradável. Hoje, as máscaras Gio Rodrigues são certificadas e têm tido uma grande adesão. De qualquer forma, o estilista não baixou os braços na sua área profissional e continuou a trabalhar como se nada estivesse a acontecer. A iniciar jápreview da sua coleção 2021, partilhou nesta reunião que readaptou o seu plano de marketing, mas que não o vai deixar de fazer. "O desfile não foi feito, mas vou fazê-lo em setembro. Pode ser sem pessoas, ter de reinventar, mas a comunicação deve sair cá para fora". E como diz Ismael Mateus, "A arte é a nossa maior aliada nos tempos em que vivemos. Ela permite-nos criar e reinventar o melhor de nós próprios. Podemos neste momento não conseguir concluir os eventos no modelo que os noivos idealizaram, mas a arte permitir-nos-á oferecer um evento melhor do que sonharam."  
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Coleção 2021 Gio Rodrigues

Preparar-se para a reabertura

Segundo Ismael Mateus, este momento de crise fez repensar o negócio, sendo incentivo para criar. Porque "a arte é a maior ferramenta do ser humano e nós temos um pouco de artista". Por isso, "este é o momento de por a nossa arte para fora, mostrar o nosso poder criativo. Dedicarmo-nos aos clientes, aproveitar os conteúdos e, acima de tudo, reinventar". Assim, na EVENTOS PRIVÉ manteve-se o positivismo sobre o assunto e já existem muitas novas ideias, estando ansiosos por apresentá-las aos noivos. "Há muitos noivos que ainda querem casar este ano e querem uma solução este ano", comenta, pelo que se encontram muito mais direcionados para estes noivos, do que a quem vai casar em 2021. "Os noivos estão a fazer um esforço de casar este ano. Pode não ser o que imaginaram, mas melhor do que eles sonharam", conclui. Já Cristina Campos diz que está a fazer o que sabe fazer, mas já para 2021: "Estou a procurar fazer peças muito mais elaboradas, mais criativas, que permitam na hora em que abrir o negócio oferecer peças completamente diferenciadas, para que possa levar o valor que eu pretendo". Porque o casamento não vai terminar, "os noivos sonham com este dia, com a união de duas pessoas que se amam e que querem transformar a sua vida numa só, partilhando o momento da celebração com família e amigos, divertindo-se e trocando emoções e sentimentos". E confessa: "Pior que não ter ideias é decidir um caminho errado". Também Cristina Marinho acredita que 2021 será o ano mais forte. "No segmento de luxo usar máscaras, luvas e viseiras? O buffet deixa de servir?", questiona. O positivismo, no entanto, mantém-se: "Os casamentos vão continuar a acontecer, só temos de prepará-los para quando começarem a acontecer", tendo a consciência que "num primeiro momento vamos ter de trabalhar de uma forma diferente, revendo as capacidades do nossos espaços  - que agora é de 550 pessoas e certamente vai ser inferior - para além de obrigar a uma série de exigências de higiene, que na hotelaria já existem mas que agora teremos de partilhar com o cliente, que vai querer sentir-se seguro. Adaptarmo-nos ao que for exigido com o nosso negócio, porque a nossa vida de repente mudou, mas cá estamos para aguentarmos, reinventarmo-nos e adaptarmo-nos". Já Cláudio Souza diz que "as datas de 2020 vão esbarrar com 2021" e que vão ter de se adaptar o seu serviço para outros dias da semana. "É uma readaptação total do mercado e das datas", afirma. É claro que nesta reinvenção têm também já novas ideias, até porque estão habituados a mudanças: ao longo dos anos têm surgido inúmeros desafios, como restrições alimentares, vegans, etc. "Estamos abertos. Estamos positivos, temos força. É uma questão de consciência, ficarmos primeiro no nosso mundo, para depois abrir para fora, comedidamente", comenta, relembrando que não devem achar que vai ser tudo fácil, pois julga que as pessoas vão ter receio, sobretudo em relação aos grupos de risco, de mais idade. "Vamos ter menos convidados", relembra também, salientando que "estão a preparar a higienização, porque embora em serviço de catering já esteja tudo higienizado, vai ter de se aumentar mais ainda". "Temos 'sorte' de estarmos a viver o que estamos a viver, porque estamos preparados para outras crises que aí vieram, já que igual a esta será difícil", comenta Marco Rodrigues do grupo Ocram.
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Créditos: EVENTOS PRIVÉ

Mais perguntas?

Claro que há mais perguntas, mas sem respostas "É preciso tomar decisões. E a maior preocupação que tenho, neste momento, não é o arranjar soluções para os meus noivos, é mesmo não ter como as arranjar, porque não sei o que vai acontecer. Sem nós sabermos não vos conseguimos responder a muitas perguntas, assim como não conseguimos arranjar-vos outras soluções", diz Regina, dando o entanto um conselho: "agora que adiamos, não temos de deixar tudo em stand by. Porque é que não podemos ir adiantando trabalho?" Para assistir ao live no Youtube deste Webtalk clique aqui. Na Zankyou continuamos a apoiar os profissionais do sector e os casais que foram afetados por esta crise causada pelo novo coronavírus, quer através da nossa revista, quer através das nossas redes sociais (IG @zankyou_portugal e FB @ZankyouPortugal) promovendo inúmeras iniciativas, com a colaboração de especialistas das mais diversas áreas do mundo nupcial. Também se quiser partilhar connosco a sua experiência pessoal face às notícias da Covid-19 – seja noiva/o, fornecedor ou convidado/a – nomeadamente o que está a pensar fazer, o que lhe recomendaram ou alguma outra questão, pode deixar o seu comentário neste artigo ou enviar-nos uma mensagem através do covid19@zankyou.com. Talvez também lhe interesse:
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